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10 de jun. de 2014

É tão Sincero!

Minha sexualidade NÃO é reflexo de carência ou dúvidas. Existem mulheres que gostam de homens e de outras mulheres. Quanto tempo demora para a sociedade aprender a conviver com isso?


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Eu não aguento mais ouvir as pessoas associando minha sexualidade a uma "fase", a um "capricho". Não aguento mais que me digam que só fico com mulher porque meu namorado não sabe nada sobre sexo. Não aguento mais que me digam que quando estivermos bem de verdade, não vou mais querer saber de mulher. Eu NÃO AGUENTO MAIS! Qual a dificuldade de entenderem que nem todas as pessoas pensam igual e querem as mesmas coisas? Qual - a - dificuldade?

Heitor. Meu melhor amigo. Gay. Viveu anos de porra-louca, transando com metade dos homens bonitos de BH e de SP. Agora deu uma sossegada, está numa fase apaixonado. Heitor, o homem que nunca julguei por ter a vida sexual desenfreada e sem juízo que ele tinha (e, para ser sincera, acredito que voltará a ter em breve). Apesar dele ser meu melhor amigo, passei muito tempo sem coragem de contar para ele sobre minha... "treta" com Ana, pois já admitia que ele iria julgar, falar que estou confusa, que só estou com ciúmes por causa da nova namorada dela (na época, uma garota do Rio - as duas nunca chegaram a se ver pessoalmente e, hoje em dia, não têm mais nada). Eu já sabia que, quando Heitor soubesse dos meus sentimentos por Ana, por mais leve que tento fazer com que sejam, iria me dizer para pular fora, pois estou confundindo as coisas por estar carente, e porque Ana é dessas garotas confusas e complicadas (tenho que admitir que, nesta parte, ele tem razão). E eu estava certa. Foi tudo que ouvi. Que estava só curiosa, que só fiquei com ela porque meu namoro não me oferece mais nenhuma novidade, coisas do tipo. E, mesmo dizendo isso tudo, ele sempre faz questão de ressaltar que não está me julgando. Está fazendo o quê, então?

O que ouvi de Heitor foi mais chato, vindo de alguém como ele, vindo de alguém que sempre teve meu apoio para tudo, vindo de alguém que, quando ouviu do pai que "era gay porque estava em uma fase", veio correndo desabafar no meu colo e teve todo meu suporte. Mas, eu já esperava. Na verdade, ultimamente, eu venho esperado isso de todas as pessoas que me cercam. E é por isso que, com exceção de Alice, uma grande amiga, talvez a melhor, que eu amo muito, de paixão (♥), apenas vocês, vocês que me lêem pelo blog, sabem do que acontece entre mim e Ana. Para ser sincera, nem com Alice eu me abro tanto quanto me abro por aqui. Foi o refúgio que me restou.

E eu fico imaginando... Quantas outras mulheres, meninas, moças, passam pelo mesmo desafio que eu? Ser homossexual já agrega um monte de preconceitos. Se tratando de mulher, sua sexualidade é tratada como fetiche - quantas de vocês já tiveram que ouvir que só ficam com outra mulher em, sei lá, uma festa, para atrair a atenção dos homens? Eu estou extremamente chateada. Eu não consigo, muitas vezes, acreditar que as pessoas desacreditem do que acontece entre mim e Ana. Eu me recuso a acreditar, sabe?, que tem gente capaz de achar que tudo que eu sinto quando estou com ela não passa de um... fetiche? Curiosidade? Carência? Nem sei mais quantas "explicações" preconceituosas já tive que ouvir para meu "affair" com Ana.

Quando estou com ela, não tem mais ninguém. Apenas eu e ela. Nosso beijo é macio, e ela carrega consigo esse gostinho de cigarro com menta, bem fraco, lá no fundo. Nossas mãos se multiplicam e é impressionante como o tempo vira um paradoxo - é tudo tão lento e tão fervoroso. A gente vai devagar, pois ela mora com os pais, eu moro com minha tia e, bem, é tudo um grande segredo. Mas, somos um poema de Vinícius de Moraes e, de repente não mais que de repente, estamos explodindo. Não existem palavras que expliquem o que eu sinto quando, ao passear as pontas dos meus dedos por sua pele, sinto seus pelos se arrepiando, gradativamente. Não existem palavras que expliquem o que eu sinto quando, ao tocar teus seios com a boca, quase sem encostar, percebo-os a ficar inchados e, também como suas maçãs do rosto, rosados. Não existem palavras que descrevam o que sinto quando vejo o sorriso gostoso, acompanhando do virar de olhos, que se seguem após ser tocada entre as coxas por minhas mãos. Eu apenas... sinto. É algo que flui tão lindamente, tão naturalmente, e de forma tão maravilhosa. É algo que lhe abre um sorriso tão estonteante e lhe arranca gemidos baixinhos e tão sinceros. É algo tão sincero, que me recuso a acreditar que existem pessoas que possam duvidar, que existam pessoas que possam julgar ou questionar.

"É tão certo quanto o calor do fogo
Eu já não tenho escolha..." 

A todas as pessoas que têm a cabeça fechada, a todos os meus amigos que tanto me julgaram, a todos os meus amigos que tanto me desencorajaram a sequer tocar outra vez no assunto Ana, eu só posso dizer o que sinto. E o que sinto é tão sincero!

É tão sincero.

Vocês não vão me machucar mais :')
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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