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13 de jul. de 2014

Me Apaixonei

Tudo que vou escrever aqui é um desabafo de fundo de alma. Leia com o coração de um ser amante, humano, profano. Você pode ser a Ana de alguém.

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Ana,

Como eu queria olhar nos seus olhos e dizer todas as coisas que se passam dentro de mim.

Eu passei seis meses da minha vida te considerando como uma paixão platônica, algo que nunca aconteceria, algo surreal. Surreal como desejar um final feliz para Romeu e Julieta, surreal como desejar nunca mais sofrer por amor, surreal como eu e você. Depois de tantos anos sendo amigas (seja como coleguinhas de classe, seja como companheiras de cerveja), quando me peguei apaixonada por você eu não pude aceitar - Chamem os bombeiros! Preciso cortar um mal pela raiz! - Talvez.

Eu olhava seu sorriso de dentes grandes e canis fortes, sua pele branca e macia, seus cabelos escuros, marcantes, mal cuidados, e chegava a conclusão de que talvez fosse mesmo burrice minha (muita burrice minha) pensar que tudo isso pudesse ser meu, mesmo por um dia só, por uma semana só, por um mês só. Mas eu sou fiel às paixões que sinto, não tento fugir de nenhuma e, felizmente, assim também foi com você. Depois de muito ser racional e tentar segurar meus sorrisos ao te olhar nos olhos, depois de muito me segurar para não levar a sério nossas brincadeiras, você me deu um golpe fatal. Você me olhou com seus olhos de jabuticaba, colocou, com as pontas dos dedos, uma mecha dos meus cabelos atrás de minha orelha e, com essa voz absurdamente macia (Deus, como eu odeio amar essa sua voz) disse que eu era linda demais pra ser verdade e sorriu. Por que, Ana, por que diabos você me sorriu assim? Foi a primeira vez na qual eu quis perder todos os meus medos, todos os meus anseios, esquecer de todos ao nosso redor, apoiar as mãos em sua nuca e te beijar. Nesse momento, a vontade foi tão grande, que concentrei todas as minhas energias em me controlar, concentrei todas as minhas energias no esforço de tentar não te assustar. Durante minutos que não consegui contar, tudo que você falava virava nuvem, virava vento, virava nada. Tudo que você falava eu não ouvia, pois tudo que eu queria ouvir era o silêncio da nossa respiração. Eu me travei, Ana, mas, depois desse momento, eu tive a certeza absoluta de estar apaixonada por você. 

Pulei de cabeça.

Fiz todos os esforços que me cabiam e que não me cabiam para te ver. Mesmo que eu nunca - nunca - fosse ter coragem de te roubar ao menos um beijo, eu não conseguia mais imaginar a ideia de me afastar de você. E foram os meses mais gostosos da minha vida nos últimos tempos. Nossas brincadeiras, nossa leveza, seus sorrisos, seus toques, suas maçãs do rosto avermelhadas, sua timidez fugindo de meus olhares demorados. Eu não trocaria nada disso, nem por um quindim. Eu pulei de cabeça e resolvi não pensar em nada que não fosse pensado com o coração. E meu coração só queria você. Meu coração quer você.

Depois que nos beijamos pela primeira vez, que transamos pela primeira vez, eu venho gastando energias incontáveis e incansáveis no esforço de tentar ser leve, no esforço de não te amar, no esforço de forçar meu próprio eu a acreditar que somos apenas amigas que cometeram alguns deslizes sexuais. Mas, Ana, meu esforço tem sido em vão.

Eu tento me esquecer, Ana, dos seus beijos, da sua boca seca e gostosa, das suas curvas fartas e servis, da sua pele macia e arrepiada, mas eu não esqueço. Hoje, Ana, eu já não passo mais um dia sem pensar em você. Desde que Bruno, o atual amor da sua vida, voltou para a sua vida, eu me vejo jogada num poço sem fundo. Meu coração ficou negro, minha garganta deu um nó que parece eterno e meu céu está nublado como há muito não ficava.  Quando me joguei de ponta na minha paixão por você, eu sabia, Ana, de todas as possíveis consequências. Meus amigos me falaram sobre todas as possibilidades - eu poderia me apaixonar por você e não ser correspondida, você poderia se apaixonar por mim e não ser correspondida, nós duas poderíamos nos apaixonar. Tudo seria drástico. Todas as opções. Todos os fins. Nós, Ana, estamos fadadas ao fracasso, isso eu já sei. Mas, tudo que eu queria, era que pudéssemos continuar juntas, brincando, se divertindo e se tornando uma só carne em algumas eventuais noites de sexta-feira. Sem cobranças, sem ter que conversar sobre "nós", sem ter que contar para ninguém, sem ter que pensar. Nós estamos fadadas ao fracasso porque você é, insuportavelmente, a pessoa mais linda, desejável, desejada e confusa que, por sete infernos, eu conheci. E é por isso tudo que eu te amo.

Algumas vezes a mágoa me bate, mas eu quero que você saiba que eu luto ativamente para ser uma pessoa que só transmite amor. Algumas vezes, Ana, quando vamos nos ver, eu tomo um banho quente, bem quente, e relaxo todos os músculos que são possíveis. Deixo a água cair no meu rosto e respiro pesadamente, pela boca, enquanto imagino que a água, um dia, vai levar pelo ralo todo o desejo que seu corpo guardou em mim. Eu saio do banho, sorrio e repito algumas vezes para mim mesma que sou uma pessoa leve, que nunca vou deixar nossa amizade, nossa relação, nossa coisa - seja lá qual for o nome que eu deva dar - ser abalada pelo meu fracasso ao tentar não me apaixonar por você. Eu me maquio com cores alegres, visto roupas que transbordam fofura e amor, fumo um cigarro com toda lentidão que me cabe e decido de vez sair de casa exalando desapego. Mas então, algumas vezes, eu me olho no espelho de novo e não consigo mais ver a mim mesma sem te ver. Eu olho para mim mesma e não consigo entender porque as coisas não continuam como antes. Por quê, Ana? Por quê? Eu olho para mim mesma e vejo todas as coisas que fiz para você, vejo todas as coisas que fiz para fazer você se sentir especial, livre e segura, vejo todas as coisas que fiz para fazer com que você se sentisse a mulher mais linda do mundo. Eu sei que você não me deve gratidão, sei que o amor não tem matemática, eu sei, mas, nesses meus momentos de espelho, a razão não me vem. Tudo que me vem é uma vontade enorme de aparecer na sua porta a noite, gritar muito com você, falar o quanto lhe odeio e, entre o salgado das minhas lágrimas, lhe beijar o beijo mais forte que um dia serei capaz de dar em alguém. Me olho no espelho físico e agora estou com papel toalha na mão, tirando a maquiagem, prendendo o cabelo, vestindo meu pijama cinza. Hoje não quero te ver, não se não for para ser minha, não com ele te roubando de mim. Hoje não.

Passam-se 20 minutos. Me recomponho. Solto o cabelo, visto um sorriso, respiro fundo. Não adianta. Não tem coração partido nesse mundo que me faça desistir de querer te ver.

E, ah!, você fica incrivelmente linda quando sorri ao lado dele. Certas coisas eu sou obrigada a admitir.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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