Me sinto egoísta, Ana. Meu namoro vai tão bem e você aí, com todas essas decepções amorosas com meninas que te enrolam e te brincam e te ignoram e te usam e te esquecem. Eu aqui, tão feliz e tão amada. Eu aqui, ganhando beijos de boa noite, bom dia, boa tarde, boa vida meu amor! Eu aqui apaixonada, coração vibrando e os pelos do corpo se arrepiando. Mas eu aqui, Ana, pensando em você.
Me sinto egoísta, Ana, porque quando vejo suas fotos com suas meninas imagino vocês se beijando, se tocando, se sentindo. E cada vez mais concluo que nunca vou estar em uma dessas fotos. Ou vou? Ainda torço para o universo nos dar uma chance.
Me sinto egoísta porque não quero ser só sua, porque amo meu homem, mas porque não quero te dividir com suas meninas. Vem ser minha, Ana.
Ontem você disse, em tom de brincadeira: "Bia, sou toda sua". E eu ri, em tom de brincadeira. Mas você nem imagina, Ana, que só de ouvir isso vindo de você todas as células do meu corpo ficaram confusas. Só de te imaginar toda minha, Ana, meus olhos tremem, meus pelos se arrepiam, meu colo fica quente, minha barriga fica gelada e minhas maçãs do rosto ficam rosadas. Minhas moléculas se rearranjam em uma bagunça meio apaixonada meio com desejo. E meu cérebro me ajuda a me conter, mas, Ana, cada parte do meu corpo quer tocar você.
Mas me sinto egoísta. Tenho esse ciúme bobinho de você. Que tipo de pessoa sou eu? Eu vivo meu homem, você vive suas meninas. Mas, Ana, a vida seria tão mais gostosa se nós vivêssemos também uma à outra... Ana, deixa eu ser uma das suas meninas?
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