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22 de ago. de 2013

Amigas são importantes

amigas-abraço-tumblr

Sinto falta de amigas. Com a mesmo, mulheres, sexo feminino. Amigas. Parece que fui perdendo todas elas aos pouquinhos e só me restaram os homens. Não que eles não sejam merecedores de meu amor, mas se você é mulher sabe que falta uma melhor amiga faz. Melhor amiga - acho que não tenho uma desde a sexta série. Sinto falta de alguém que passe pelos mesmos transtornos hormonais que eu, alguém que tenha as mesmas dúvidas sexuais que eu, alguém que possa estar do meu lado em um lugar público e me ajudar a fechar o sutiã que abriu de repente. Sinto falta de alguém que penteie meus cabelos quando estiver entediada, que me maquie para uma noite fantástica e se finja de minha namorada em festas cheias de homens sedentos por 259 beijos na boca; e que possa me levar para casa no fim da noite, quando eu estiver muito bêbada e tiver brigado com meu namorado, tirar minha roupa imunda, me vestir um pijama, deitar na mesma cama que eu e me fazer um cafuné. Caralho!, eu sinto muita falta.

Às vezes, muitas vezes, várias vezes, inúmeras vezes na verdade, eu paro e fico tentando entender quando foi que algumas de minhas amigas deixaram de me amar, ou talvez, sendo menos sentimental, simplesmente deixaram de fazer questão de mim na vida delas. Eu não sei se posso generalizar e dizer que todo mundo gosta de se sentir importante para alguém, mas eu acredito que deva ser assim mesmo. Não que eu me sinta jogada sozinha no mundo. Tenho amigos, tenho meu namorado, meus irmãos... Enfim, existe um grupo pequeno (mas de grande coração) de pessoas que fazem questão de mim. Mas, em contrapartida, existem algumas pessoas para as quais eu dou tanta importância e ó: nada!

Tenho um gosto alternativo pelas coisas. Gosto de músicas alternativas que não sei cantar, de bandas que ninguém conhece, de passeios no mato que ninguém topa. Amo um sarau em praça pública, um evento desorganizado com música jamaicana ou um show de metaleiros fodidos na vida em um bar caindo aos pedaços. E das pessoas que me acompanham, dos amigos que me acompanham, que me dão valor, que se lembram de mim para um programa ou outro, nenhum deles gosta das coisas que eu gosto.

Para muitos é fácil falar Vai sozinha e faça amigos por lá mesmo!. Mas isso é algo tão difícil para mim. Tenho um bloqueio para interagir com pessoas com as quais não tenho "costume" - que não conheço, dizendo melhor. E aí entram elas, as amigas que, não sei porquê, toda mão se esquecem que Ei, eu estou aqui, sem nada para fazer no fim de semana!. Ana está entre elas. Antes do Ensino Médio, éramos pau-para-toda-obra. Saíamos juntas, íamos sempre uma para a casa da outra, nos víamos com grande frequência. E aí eu me perco no tempo e volto para o agora. Por que elas não se lembram mais de mim? Sei que é perfeitamente normal perder contato com amigos do colégio depois que você sai do colégio, da faculdade depois da formatura, do trabalho antigo depois que você é demitido. Eu sei. Mas é diferente. Nós ainda nos falamos, sabemos o que se passa nas vidas umas das outras, conversamos sobre sexo, sobre nossos amores e desamores, ainda saímos juntas nos aniversários do pessoal do colégio, mas, fora isso, se eu não procurar, fico de fora.

Vira e mexe tem algum evento "alternativo" onde quero muito ir, mas não tenho companhia, porque os amigos que sempre estão comigo não gostam e aí fica chato insistir, né? E aí, quando vejo o link do evento vejo que todas as meninas estarão lá, mas nenhuma delas me chamou. Ou quando comento com a Clara sobre o evento, ela me diz que já está indo, junto com Ana, Maria Luiza, Thaís... Todas elas, e eu não estou mais no meio. Não faço mais parte desse grupo. Pá. A frase despenca em letras gigantes de concreto do alto de um prédio e cai bem em cima de mim.

Cada vez que as vejo indo a um lugar no qual eu queria tanto ir, mas não fui porque não tinha companhia, um pedacinho do meu coração se desfaz. Cada vez que vejo as fotos de eventos que não fui por esse mesmo motivo, e todas elas estão lá, minha vida fica um pouquinho mais amarga. Ana conversa comigo o dia todo, mas não consigo entender porque eu deixo de existir quando todas elas vão se encontrar. Eu não consigo entender quando foi que elas começaram a gostar do tipo de programa que eu gosto, mas sem se lembrarem de mim. Eu não consigo entender nem quando nem porquê - a gente nunca brigou, nunca fui uma má pessoa ou uma pessoa chata com nenhuma delas, nunca fui. Cada vez que vejo as fotos de Ana numa cachoeira, num sarau, numa tarde de vinhos e queijos em uma praça qualquer, acompanhada das demais meninas, meu coração sente um aperto que não sei explicar. O fato das outras não se lembrarem de mim me desce compreensível, mas, quando Ana está no meio, doi. Doi demais.

E eu fico aqui, pensando em desistir dela. Pensando que ela nunca, jamais, vai querer nada comigo, porque namoro, porque somos amigas de longa data, ou simplesmente porque não desperto nenhum interesse seu. Fico aqui pensando que não vou mais ficar escrevendo sobre ela, pensando nela, querendo os beijos dela, não vou ficar mais dando atenção à ela. Mas aí ela me vem com aquele sorriso lindo e aquela voz macia e me chama no Skype. "Bia!". Me seguro para não responder de prontidão, penso em fazer uma horinha, mas não adianta. Esqueço tudo, esqueço todo meu orgulho, toda a amargura do meu coração por ter sido tantas vezes deixada de lado. E vou. Respondo, puxo assunto, rendo assunto, me esqueço de tudo o que estava fazendo, deixo algumas conversas de lado, mensagens sem responder, trabalhos pela metade, deixo tudo para dar atenção a ela. Ana faz o que bem quer de mim.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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