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17 de abr. de 2014

Gordas

Que me desculpem as magrinhas, esbeltas, mas, se eu fosse namorar uma garota, acho que ela seria gordinha.


fat-girl-tumblr

Eu sei que existe uma não-aceitação e toda uma questão polêmica em cima do sobrepeso. Existe, sim, todo um preconceito carregado acerca das pessoas gordas e, especialmente, das mulheres gordas. Há uma discussão sem fim sobre o sobrepeso e a relação entre saúde e padrão de beleza. Muita gente afirma e acredita que a pressão que a mídia faz para que as pessoas acima do peso percam esse "excesso" é só uma questão de preocupação com a saúde dessas pessoas. Sinceramente, não sei se acredito ou desacredito desse papo.


Uma coisa sei que é verdade: existe, sim, uma imposição para a busca por um padrão de beleza. Uma busca non sense e desenfreada por um estereótipo que simplesmente não cabe naturalmente a todo tipo de mulher. Existe uma busca desenfreada por uma pele lisa, sem pelos, por um cabelo liso e comprido, por uma bunda sem estrias, mas grande e no lugar, por pernas de Sabrina Sato e seios de Débora Secco (após a cirurgia, diga-se de passagem). Uma busca por uma magreza e uma simetria que faz com que centenas, milhares, talvez milhões de mulheres, das mais variadas idades e das mais variadas culturas, tornem-se paranoicas. Sim, paranoicas. Controlando o número de calorias em uma barra de cereal, controlando regradamente os horários das refeições sem poder abrir uma exceçãozinha sequer, sofrendo horrores por ter que almoçar arroz e salada, se olhando no espelho o tempo todo - eu disse o tempo todo. Será que está certo afirmar que o correto é emagrecer? Mesmo com todo esse stress? Qual a relação custo-benefício? Quando é que a busca por um corpo magro deixa de ser preocupação com a saúde e vira preocupação estética? Eu não sei.

Eu vejo garotas que deixam de nadar por vergonha de usar um biquíni. Deixam de aproveitar uma cachoeira ma-ra-vi-lho-sa porque tem o bumbum muito pequeno ou o culote muito grande. Mulheres que não transam mais de luz acesa, não provocam seus parceiros, não se mostram, mulheres que não transam para valer para não suar a chapinha que tem que ser aproveitada para a festa de amanhã... mulheres que nem gozam mais, de tão neuradas com a aparência. E, mais uma vez, eu digo e repito e repito: se namorasse uma mulher, muito provavelmente ela seria uma gordinha.

E vou dizer o porquê:

A coisa mais incrível de estar com uma mulher gorda é que ela não está nem aí. Enquanto minha peguete linda e magra estaria, provavelmente, tomando um suco de laranja sem açúcar, a gordinha olha pra opção de pizza mais recheada do cardápio e me joga aquele olhar de "eu te desafio a dividir essa comigo". Pede uma cerveja e bate na mesa pra chamar o garçom. Ela tem esse dom de não ser fresca - apesar do sistema ser hipocritamente dedicado a fazê-la se sentir mal consigo mesma e embora na maioria das vezes, infelizmente, ele consiga.  Mas há excessões. Felizmente, há excessões. O mais incrível da namorada gorda é que ela te acompanha no tira-gosto e na cerveja, fica bêbada e leve, alegre, fala bobagem pra caralho e transa muito contigo quando chegam em casa. No outro dia vocês vestem as camisas G/GG e vão caminhar na avenida. Simples assim, sem frescura.

É claro que, se tratando de universo feminino, tudo pode acontecer. Há gordas bem-resolvidas, magras neuradas e saradas que bebem cerveja - por que não? Mas a minha fala aqui dá uma atenção especial às mulheres e garotas acima do peso. Uma atenção especial e positiva, porque eu já cansei de ver a mídia cuspindo regras em cima do corpo feminino. Eu já cansei de ler a GLOSS, a Capricho e a Women's Health e simplesmente não me encaixar no que está ali, mesmo sendo uma mulher "dentro do peso", como gostam de dizer. Afinal, quem foi que definiu que a magreza, a cintura marcada e os seios grandes combinados com as coxas grossas são a definição de beleza feminina? Quem estipulou esse robô? Quem modelou o corpo da nova Barbie? Quem nasce assim?

Sou apaixonada pela Ana e nós pegamos fogo quando ficamos. Poucas coisas na vida são mais gostosas do que vê-la trocar de roupa e poucas coisas na vida são mais engraçadas do que perceber que, ao trocar de roupa, ela está tentando se esconder, depois de termos visto tudo uma da outra poucas horas antes. Me envolvi com uma garota "acima do peso", gordinha, baixinha, peituda, natural, e acho que poucas pessoas aqui vão entender que, ao citar esses adjetivos, os cito em um tom de elogio. Inclusive Ana, que já foi bastante encucada e tem uma certa reluta em acatar elogios, mas que, pouco a pouco, me desdobro para convencer sobre o quanto é linda, com todas as suas dobrinhas, com todo aquele seio macio, e com toda sua pouca altura, linda mesmo estando tão fora dos padrões. Linda principalmente por estar tão fora dos padrões.

Bonito é ser feliz e não, não estou fazendo mershan para a Água de Cheiro.

Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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