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17 de jun. de 2014

Henrique

Carta direta ao homem que está me virando do avesso

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Você não presta. É um cachorro, um safado. Se eu fosse uma dessas jovenzinhas de 17 anos, solteira e virgem, você provavelmente seria um dos culpados por quebrar meu pobre coração - mas, obviamente, depois de me comer bastante. Eu tenho certeza, Henrique, que você não vale o chão que pisa. Você, provavelmente, nunca transou por mais de um mês com a mesma mulher. Você provavelmente manda mal no sexo oral e já transou sem camisinha umas 79 vezes porque estava bêbado demais. Nada que eu admire. Muito pelo contrário. Você é a representação viva da parte masculina da humanidade que eu prefiro manter distância. Exceto pelo fato de que, de você, eu quero tudo, menos distância.

Lembro do primeiro dia em que te vi. Metido, sorriso de babaca, papo de babaca. Machista. Desses que não prestam, desses que gostam de acumular número de bucetas "traçadas", desses que acham que podem controlar a sexualidade da irmã caçula, desses que gastam o salário do ano inteiro para pegar gringa no Carnaval. Desse tipo que não curto, mas que, por ter uma droga de um sorriso bonito e ficar perdido olhando para mim vez ou outra, me desperta um não sei o quê aqui dentro. Dentro da barriga, dentro da cabeça, dentro da alma, sei não, dentro de mim. Tosco, infantil, vazio... mas, preto, o que é que esse seu sorriso tem? Que pó mágico é esse que sai do seu olhar? Henrique, há meses eu venho suplicando para os sete deuses que você pare de me olhar assim.

Não. O que você me provoca é diferente do que o que Ana me provoca, diferente do que o que Bernardo me provoca. Você, na verdade, é um desses caras que, se eu topasse de frente em uma calourada no Campus, provavelmente me chamaria de gostosa com uma voz nojenta, eu mandaria tomar no cu e fim (provavelmente depois disso você pegaria minha amiga mais bêbada e carente, mas só). Você, na verdade, é um desses caras por quem eu não trocaria o Bernardo nem se fosse milionário, nem se me desse o mundo, nem se jurasse, de pés juntos, estar apaixonado por mim, apenas por mim, por nenhuma mulher além de mim (até porque esse papo de se apaixonar perdidamente por uma única pessoa também não se encaixa muito bem na minha vida). Você é um desses caras que me causam um certo nojinho, um certo repúdio, um certo ódio feminazi. Um desses caras que perpetuam uma cultura tosca, desses que só sabem beber cerveja, cuspir no chão e dar no couro. "Dar no couro". É aí que mora meu problema.

Eu nunca jogaria meu namoro no lixo por um lixo como você. Mas quando saímos para tomar uma cerveja você precisa desgrudar esses olhos de mim. Você precisa parar de me elogiar. Você precisa se afastar, porque eu já não consigo. Por algum tipo de intervenção divina nunca ficamos sozinhos fora do local de trabalho, por algum tipo de intervenção divina não nos encontramos sozinhos na faculdade, por algum tipo de intervenção divina sempre existe uma roda farta e agitada de amigos ao nosso redor. Você é um nojento, um desses que transaria comigo e, no dia seguinte, contaria para todos os homens de todos os grupos de redes sociais nas quais você está inserido (inclusive naqueles onde eu também estou incluída). Contaria vantagem, diria mil coisas, desrespeitaria minha privacidade. Eu não tenho, Henrique, um pingo de motivos para confiar em você. Mas isso é obra divina, porque, se eu tivesse... Ah, se eu tivesse!

Você não vale o chão que pisa, mas eu tenho essa vontade enorme de pular no seu colo, arranhar sua nuca e beijar-lhe essa boca maldita. Por trás de cada meio minuto em que nossos olhares se cruzam discretamente, existe uma Bianca que quer um cômodo sossegado, muita bebida e seu corpo. Você não, só seu corpo. Tudo que eu quero é seu corpo. Você não vale o chão que pisa, mas, se der uma piscada de um olho só, eu sou capaz de ir com você até o seu inferno, tirar suas roupas, beijar, chupar, morder, cada parte do seu corpo, dadas as devidas proporções. Você provoca em mim um instinto que não me vem sido provocado há tempos. Um instinto de alguém que quer te chupar, gemer alto, falar besteiras, arranhar-lhe as costas, engolir tudo. Sua presença é um redemoinho na água que me suga, mas suga de uma forma tão excitante que eu não tenho mais sequer vontade de nadar contra. Eu sonho com você às vezes, eu transo com o Bernardo e penso em você, eu me masturbo e penso em você. Não parei, em momento algum, para me perguntar sobre o fato disso estar certo ou errado - e nem vou parar para refletir, pois, quando penso em você, não tenho um cérebro. Tudo o que tenho é um corpo e tudo o que esse corpo quer é ser possuído por você. Não tem um pingo de coração nisso. Tudo que quero é sua saliva, suas articulações, sua pele e seu suor. Sua carne. Henrique, você é o despertar dos meus demônios.

Que o universo continue conspirando contra nós, porque eu já não tenho mais forças para lutar contra. Meu bom senso foi embora, junto com minha vergonha na cara, naquela sexta-feira em que você tragou o cigarro, olhou para mim e mordeu os lábios. Você não presta. Nem eu.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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