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9 de ago. de 2014

Sororidade, essa palavra.

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Definitivamente, a coisa mais linda, mais importante e mais maravilhosa do Feminismo é a Sororidade. Isso mesmo, essa palavra que ninguém conhece - talvez nem alguns renomados dicionários da Língua Portuguesa. Mas essa palavra de peso tão importante na nossa luta. E sua beleza está justamente no fato de que a sororidade não se refere a uma luta, mas sim a nada mais nada menos que o amor. O amor que faz com que a gente olhe para todas as mulheres que cruzam nosso caminho com uma visão totalmente diferente, limpa e respeitosa. A sororidade é o princípio de que toda mulher é oprimida como você, mesmo que em aspectos diferentes da vida. Toda. Mas, principalmente, é o princípio de que toda mulher que cruza sua vida é uma sister, uma semelhante que está passando ou já passou por coisas que você nem imagina.

Hoje, posso afirmar com total segurança que, de todas as coisas que absorvi do Feminismo e de todas as mudanças positivas que ele me propiciou, a mais especial de todas foi a sororidade. A gente passa a ver toda mulher com olhos completamente diferentes, seja ela uma completa desconhecida, sua patroa ou sua funcionária, sua irmã ou a amante do namorado da sua amiga. Todas. E é possível afirmar, sem medo de ser feliz, que nos tornamos muito maiores de alma quando deixamos de julgar as atitudes de alguém, especialmente sem conhecer toda a situação. Nos tornamos gigantes de alma e é extremamente gratificante e libertador quando paramos para analisar nossa mudança de pensamento.

Foi extremamente libertador perceber que, quando Janaína, uma amiga apaixonada por um homem que tem namorada, veio desabafar comigo, não a julguei em momento algum por ter se envolvido com um homem comprometido - afinal de contas, a gente não escolhe por quem o nosso coração vai bater mais forte, a gente não escolhe por quem vai se apaixonar. Não adianta apontarmos para aquele solteiro bem-sucedido que nos lançou um sorriso no fim do expediente - se o coração quiser o barrigudinho pilantra, vamos nos apaixonar pelo barrigudinho pilantra. Essa é a lei.

É também libertador compreendermos que nossa patroa é muito mais "paranoica" que nosso patrão, seu marido, justamente pelas obrigações implicadas em sua vida pelo fato dela ser, sim, nada mais, nada menos que uma mulher. É libertador perceber que ela só está nessa pilha toda de nervos porque, enquanto seu chefe, simpático e sorridente, tem algumas boas horas de sono todos os dias, ela, depois de encerrado o expediente do negócio que abriram juntos, ainda tem de cumprir seus papeis de esposa: dar uma geral na casa, alimentar o Xau - gatinho de estimação que ele comprou, deixar o escritório limpo, coisas assim.

É libertador quando percebemos que, ao ver uma mulher de roupa extremamente curta indo a um baile funk, entendemos que ela está no seu direito de ir e vir e, principalmente, no seu direito de se divertir conforme ache conveniente. Não interessa se a noite vai terminar em muito sexo ou se ela só está indo para dançar. Isso não é da sua conta. Libertador não fazer cara feia quando sua amiga conta que fez um menáge com dois homens, não pensar coisas ruins quando ela te conta que está ficando com 4 caras e duas garotas diferentes. Libertador não julgar a liberdade sexual de suas irmãs.

Tentem, flores do meu jardim, retirar de suas costas o peso do preconceito que anos de patriarcado nos fizeram criar para com nossas irmãs. Toda mulher é uma irmã até que se prove o contrário. Respirem fundo, tomem isso como um mantra. Toda mulher é uma irmã e não existe maior mentira do que essa história de "amiga mulher é falsa". Amigo falso existem em todos os cantos do mundo, independentemente do sexo. Entendam que, nem sempre que uma mulher se envolve com seu namorado, a culpada é apenas ela - lembre-se: quem tem um compromisso com você é ele.

Aceitem que nem toda mulher gosta de se vestir como você, que muitas acham lindo usar um decote e isso não significa que elas estejam disponíveis para ser insultadas em público, obrigadas a ouvir palavras sujas por ter resolvido sair de casa hoje se sentindo bem com seu corpo, se sentindo um pouco mais bonita. Homens, deixem as palavras suja para sua mulher, entre quatro paredes, ao pé do ouvido, se ela gosta - tudo tem um momento certo. 

Aprendam, de uma vez por todas, que não existe esse papo de que "é ruim trabalhar com mulher". Trabalho em um escritório de gestão pessoal, predominantemente ocupado por mulheres, e tenho hoje o melhor emprego da minha vida! Entendam que, toda mulher que cruza seu caminho, enfrenta um fardo muito maior do que um eventual patrão, gerente ou colega de trabalho, homem, enfrentaria em seu lugar; que muita mulher (acredito que uma maioria esmagador) que assume um posto de chefia, ouvirá, em algum momento de sua carreira, algum tipo de comentário pejorativo e de conotação sexual; que mulher, quando é promovida, sempre carregará consigo a possibilidade de ouvir que "só foi promovida porque deu para o chefe" - mesmo que isso não seja dito necessariamente nesses termos. 

Aceitem que nós, mulheres, nos aposentamos mais cedo porque, historicamente, temos uma jornada tripla de trabalho, uma vez que, depois do expediente, ainda somos a faxineira de nossa própria casa - sim, essa realidade ainda é maioria esmagadora no nosso país e em tantos outros. Entendam que nossa fragilidade física (generalizando, é claro) não significa, em momento algum, fragilidade espiritual, mental ou moral e tenha para si que nunca a força física de um homem deve ser a palavra final dentro de uma casa. Entendam que uma mulher que apanha do marido é sua irmã. Ela não gosta de apanhar. Não existe mulher que gosta de apanhar. Ela pode estar ali por não ter dinheiro para ir embora, ela pode estar ali por amor, ela pode estar ali por medo de denunciar, por insegurança, por vários motivos, mas nunca - eu repito, nunca, haverá uma mulher satisfeita em situação de violência doméstica. Mulher pode até gostar de apanhar, mas na hora certa, do cara certo, com a luz apagada, entre quatro paredes e gemidos gostosos - nessas horas, quem somos nós para julgar.

Toda mulher é uma irmã que cabe no seu abraço.
Este é o princípio da sororidade.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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