.

29 de dez. de 2014

Transe Como se Fosse a Última Vez

Fazei amor com intensidade e todas as demais coisas lhes serão acrescentadas.

hot-beautiful-couple-intense

Quando for fazer amor, respire fundo. Bem fundo, até doer o pulmão. Sinta cada fragrância exalada pelo corpo do outro, diferencie-as. Absorva com intensidade, com o máximo de intensidade que conseguir, o cheiro do perfume, o cheiro da saliva, o cheiro da boca, o cheiro da respiração do outro, o cheiro do suor, o cheiro do sexo, do prazer, o cheiro do orgasmo do outro. Desentupa-se de todo nojinho e de todos os tabus que lhe foram jogados durante a vida. Respire fundo até quase estourar de amor, respire de forma que o amor preencha tanto seus pulmões que não tenha entrada para oxigênio. Deixe suas células morrerem de amor.

Quando for fazer amor, sinta o gosto. Salive de boca cheia, mas deixe-a vazia, bem aberta, para receber tudo o que o corpo do outro tem para te oferecer. Experimente o gosto do suor. Morda pescoços, chupe línguas, sugue cinturas, beije o sexo do outro como se fosse a boca mais gostosa do mundo. Cuspa de si todos os preconceitos e, sim, chupe a mulher que quiser, seja ela uma puta ou não; chupe sim, o homem que quiser, seja ele um lance sério ou não. Perceba o quanto é quente o toque de sua língua com a pele de outra pessoa. Olhe-se no espelho: seus lábios estão vermelhos, sua boca salivando - só aí é que você está no clima certo. Prove cada sabor que o sexo pode te oferecer: o sabor do suor, o sabor da boca, o sabor da pele, o sabor do amor ou da falta dele. O sabor do sexo por sexo que, não obstante, também gosto de chamar de "fazer amor".

Quando for fazer amor, acenda as luzes. Mostre-se por inteiro, sem metades, sem vergonhas, sem lingeries, sem panos. Mostre-se e observe. Veja como o corpo do outro é um templo, sinta como o seu corpo é um templo. Olhe atenciosamente e procure, como um cão faminto, mas calmo, por aquilo que mais deseja. Faça um exercício de olhar sem tocar e perceba, então, o quanto a outra pessoa te atrai e o quanto é difícil se manter afastado dela. Admire cada pinta, cada dobra, cada curva, cada osso, cada mancha, cada pelo. Admire-se pela gota de suor que cai da nuca dele, excite-se com a gota de suor que percorre entre os seios dela. Antes de fazer sexo oral, olhe bem. Nada ali é feio e, pelo menos naquele momento, TUDO aquilo é SEU. Abra os olhos, bem abertos, e admire cada pedaço do corpo do outro como se você fosse ficar cego amanhã, daqui uma hora, como se você fosse ficar cego logo depois de ver as estrelas do seu próximo orgasmo.

Quando for fazer amor, ah!, s i n t a! Leve suas mãos a um passeio inesquecível por montanhas, vales, cachoeiras e lagos presentes no corpo do outro. Aperte com vontade, deslize as pontas dos dedos, as unhas, a língua, os lábios. Quando for masturbar o outro, perceba como suas mãos ficam mais molhadas à medida em que o outro se excita, perceba como o corpo dele(a) se enrijece, sua, lubrifica, esquenta. Ah, esquenta demais! Sinta cada pedaço explorado como se o estivesse tocando pela última vez. Dê abraços apertados, sem roupas e sem pudores. Como é que a gente não explode um ao outro se apertando desse jeito? Prenda-o entre suas pernas, não solte, agarre-se, dependure-se. Puxe-a pelo cabelo, não solte. Percorra seus dedos pelas entranhas e caminhos mais gostosos do outro, faça com que chupe seus dedos, não seja gentil com seus corpos. A pele é o maior órgão do corpo humano e, nesse momento, sua função é desbravá-la por inteiro. Sem medo. Como se fosse a última vez, uma última dança que não se executa em qualquer lugar.

Quando for fazer amor, ouça. Repare em como a respiração do outro muda à medida em que um beijo na boca evolui para sexo. Preste atenção na evolução, em como ela fica ofegante, rápida, intertravada. Veja como é interessante reparar que, em um certo ponto de excitação, não se consegue mais respirar pelo nariz: o ar sai e é puxado pela garganta, pela boca entreaberta. Respiramos pelo pouco de ar que conseguimos captar entre um beijo e outro, pelo pouco de ar que conseguimos puxar de dentro da boca do outro. Cole seu ouvido no peito dele(a), ouça seus batimentos cardíacos... Não é assustador como o coração não entra em colapso batendo com tanta força e tanta rapidez? A respiração, o coração, os risos, os sussurros, ouça tudo o que conseguir ouvir, mas deixe que entre por um ouvido e saia por outro. Deixe a cabeça limpa para quando ele(a) gozar. Sinta a vibração da voz rouca, gritante, desesperada, de alguém que, nesse momento, não quer mais nada no mundo senão sentir-se envolvido pelo seu corpo. Perceba que todo tom de extremo prazer se parece um pouco com um grito de desespero: não, eu não quero que você se desgrude de mim, não, eu não quero que você pare. Depois, ouça (é muito interessante) como seus corpos se rearranjam e retornam a um estado de paz. Perceba a respiração se re-estabelecendo, perceba o coração voltando ao normal, ouça o suspiro aliviado e gostoso que ele(a) vai soltar. 

Nosso corpo passa por extremos absurdos quando fazemos amor. Faça sempre como se fosse morrer em seguida.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...