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5 de set. de 2013

Parto Humanizado

Em defesa da capacidade feminina de parir de forma natural: Sem cirurgia, sem anestesia, com pouca luz e com muito, mas muito amor.


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O parto humanizado é o parto natural, realizado com o mínimo de interferências médicas possível. "Retirar a mulher de seu 'sofrimento' e 'acelerar' o parto através de medicações e de manobras técnicas ou cirúrgicas é uma tarefa nobre da medicina obstétrica e assim vem sendo cumprida"¹.


A hospitalização do parto e o número absurdo de cesáreas no Brasil (bem acima do limite estabelecido como ideal pela OMS) são reflexos de um pensamento que se desenvolveu ao longo dos anos de que a mulher não tem capacidade de parir. Simples assim. O processo do nascimento não é mais tratado como algo natural, mas sim como algo que necessita de interferência médica. No Brasil, o SUS realiza 38% dos partos por cesárea (a OMS recomenda que esse número não ultrapasse 15%). Além disso, em muitos hospitais, mulheres no parto normal passam pelo processo de anestesia, exames vaginais, uso de medicamentos para controlar as contrações, lavagem intestinal, raspagem dos pelos, episiotomia entre outras várias intervenções médicas, muitas vezes simplesmente para que o parto seja "agilizado" em hospitais superlotados ou porque esses procedimentos tornaram-se "rotina", mesmo quando não são necessários. Muitas mulheres que parem por cesariana, dizem-se frustradas por não terem parido naturalmente, por não terem participado do ato de forma ativa.


“São Paulo, 2006. Cheguei ao hospital com 10 centímetros de dilatação, avisando que o bebê já estava nascendo. A enfermeira da recepção confirmou com um exame de toque e me mandou para dentro. Fui recepcionada por outras enfermeiras que me colocaram numa sala de espera. Eu avisava que o bebê estava nascendo e elas diziam: ‘Calma mãezinha, você precisa tomar penicilina, está escrito no seu pré-natal’. E eu sentia o meu bebê descer pelo canal de parto... Então, outra enfermeira fez novamente o exame de toque e percebeu que eu dizia a verdade. Suspendeu a penicilina, me colocou em uma sala e pediu que eu aguardasse. Depois veio a anestesista e ordenou: ‘mãezinha, fica de indiozinho e não se mexa’. Eu, com contrações por minuto, rezava para que não viesse mais nenhuma. O obstetra não disse nada, colocou os panos, passou algo gelado em mim, me cortou e meu bebê saiu. Trouxeram ele para mim e logo depois levaram embora. Não vi mais meu marido, nem sei quando ele entrou ali. Terminei sozinha, em um quarto, sem nenhuma explicação.”²

A humanização do parto entende a gestante como alguém totalmente capaz de dar a luz, desde que ela seja saudável e esteja apta para isso. E, além disso, entende a obstetrícia como o ramo responsável por acompanhar a gestante, e não interferir no ato de forma a "aperfeiçoá-lo". O parto humanizado não é uma técnica nova, mas sim um retorno adaptado aos costumes mais antigos, em que a mãe estabelece uma forte conexão com o nascimento de seu filho e, além de participar fisicamente, se conecta emocionalmente ao momento do nascimento. A frieza da sala de parto, iluminada por focos cirúrgicos, ocupada por profissionais de roupas azuis, brancas ou verdes e sonorizada pelo tilintar de instrumentos cirúrgicos é deixada de lado. Em seu lugar, há o aconchego do lar ou de um quarto de casa de parto, o calor de uma banheira morna, a tranquilidade da pouca luz e pouco barulho, a presença do pai da criança (ou outra pessoa envolvida em seu nascimento), de uma doula, de um(a) obstetra ou parteira capacitado(a) e de um(a) enfermeiro(a) obstétrico(a), para acompanhar o parto natural. Esse procedimento sempre será uma opção para a mãe nos casos de gravidez sem risco.

O site Catraca Livre publicou recentemente uma série de fotos que mostram mães e bebês após o parto realizado de forma natural. Acho que nunca vi nada mais lindo!


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1- Eleanora de Moraes, psicóloga, doula e mãe de três filhos.
2- Alessandra Caprara, veterinária, 31 anos.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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