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6 de out. de 2013

Camisinha: A Melhor Amiga da Mulher

camisinha na necessáire

Dizem que mulher que é mulher é aquela que sabe cozinhar; que mulher que é mulher gosta mesmo é de piroca; que mulher que é mulher usa roupas decentes, cuida dos cabelos, usa bijuterias e joias delicadas; que mulher que é mulher não fala palavrão, não come muito, não senta de pernas abertas. Dizem por aí que mulher que é mulher se dá ao respeito, se faz de difícil, não dá na primeira noite; que mulher que é mulher se casa virgem, é dama na rua e puta na cama. Pois eu gostaria de mandar todos que pensam assim para o quinto dos infernos e dizer que mulher que é mulher é aquela que usa camisinha.


Usar o preservativo é uma responsabilidade do casal

Mulheres, meninas, moças... Se tem um conselho que eu posso te dar é: acostume-se a ter camisinha na bolsa. Nunca, jamais, em hipótese alguma, confie somente na responsabilidade masculina no que se refere a sexo. Da mesma forma que lembrar de tomar o anticoncepcional não é apenas uma obrigação da mulher, mas sim do casal, usar a camisinha também é.

Vergonha de comprar

Supondo que você seja virgem em comprar camisinha: para tudo tem uma primeira vez. Não é assim que vovó sempre diz? A timidez é algo que varia muito de pessoa para pessoa então, sim, é bem possível que você sinta muita vergonha quando for comprar um preservativo. Eu, inclusive, achei que ia morrer. Quase pude sentir uma gota de suor escorrer da minha nuca. Mas, no final das contas, nenhum globocop começou a sobrevoar a farmácia enquanto um holofote me cegava e uma repórter sensacionalista me entrevistava ao vivo em rede nacional. Nada disso. E, ainda por cima, estou vivinha da Silva, afinal, ninguém morre de vergonha não é? Se você realmente achar que isso seja muito difícil, vá à farmácia e compre outras coisas que estiver precisando também - desodorante, Neosaldina, hidratante, protetor solar. Você vai se sentir mais confortável na fila se puder deixar o pacotinho-do-bem camuflado em meio a outros produtos. Ainda assim, se achar que não, tarefa impossível, meu corpo vai queimar se eu passar essas camisinhas no caixa, então você pode pedir a um(a) amigo(a) para comprar para você ou comprar pela internet ou em uma sex shop. O que não vale é não tê-la contigo.

Todas as pessoas têm um passado

Você teve um primeiro encontro com um cara. As coisas esquentaram, vocês foram para o quarto e, tchãran!, ele não tinha camisinha. Nunca, jamais, de jeito nenhum, tope continuar e fazer sexo sem proteção. Todas as pessoas têm um passado e, no caso de DST's, muitas vezes podemos carregar algum vírus sem sequer saber, porque ainda estamos no período de incubação (o vírus está no seu corpo, mas seu organismo ainda não manifestou nenhum sintoma). Se ele te jurar que não tem nada, não acredite. Se ele te propor "colocar só a cabecinha", não aceite. E, se ele ficar de birra porque você não quis transar sem camisinha, esqueça esse cara - ele é um babaca, você merece coisa melhor.

"Só a cabecinha" é uma furada e não, este título não é uma piada.

Os vírus de doenças sexualmente transmissíveis não precisam de penetração para serem transmitidos. O contato da glande (a cabeça do pênis) com a entrada da vagina, sem proteção, já é suficiente para que a transmissão seja efetivada. Nesse tipo de ato sexual, há o contato de secreções vaginais e penianas e isso é uma festa para os vírus sexualmente transmissíveis. Para entender melhor é só pensar que, se a penetração fosse indispensável para a transmissão de doenças, mulheres homossexuais estariam imunes, concorda? E a gente sabe muito bem que isso não é uma verdade - pelo contrário, pela pouca visibilidade que as mulheres homo e bissexuais enfrentam, acabam se tornando parte de um grupo de risco. O que eu disse aqui também vale para o sexo oral: várias doenças sexualmente transmissíveis são passadas para a frente através dele. Portanto, sem proteção, nada de arriscar!

Julgamento

Se você foi para a casa de um cara, ou para um motel, ou para uma puta que pariu qualquer em que estivesse clara a intenção de transar e ele esqueceu a camisinha no bolso da outra calça, na mochila da faculdade ou na carteira que deixou em cima da mesa da sala, é uma boa hora para você tirar a sua da bolsa. Ter uma camisinha na bolsa não te torna inferior em NENHUM sentido. Não dê ouvidos aos conservadores. Não dê ouvidos aos machistas. Quantas transas incríveis você vai perder por não ter levado um pequeno e discreto produto de látex na necessáire? E se ele, o homem com quem você está prestes a transar, te olhar torto ou fizer algum comentário tosco por você ter uma barreira de látex guardada na bolsa, mande-o catar coquinhos. Que tipo de homem é esse? Repito: um babaca. E você merece coisa melhor.

Confiança

Se você estiver em um relacionamento sério há um certo tempo, pense duas vezes antes de tirar a camisinha da história. Antes de mais nada, consulte um ginecologista e peça a seu namorado/noivo/marido/ticotico-no-fubá que consulte um urologista. Não importa se vocês estão juntos há 5 meses ou 8 anos, não dá para saber o histórico sexual da outra pessoa com 100% de certeza. Façam todos os exames necessários e, ainda assim, avaliem se vale mesmo a pena. Você pode ter certeza que só transa com ele, mas, e ele? Só faz sexo com você? Difícil responder, não é? Mesmo que você confie muito nele, tenha certeza absoluta que ele nunca te traiu, você nunca poderá ter a certeza de que ele nunca te trairá. Lembre-se que somos seres humanos e, como seres humanos, estamos fadados às falhas. Sempre que pensar em tirar a camisinha, imagine que, um dia, vocês podem brigar, ele pode transar com alguma outra pessoa e te encontrar no dia seguinte, sem coragem de contar o ocorrido e vocês acabarem indo para a cama. O problema é: como saber se ele usou camisinha com a outra? E se for com você? Se você transar com outro/outra, em um momento de "fraqueza", não usar camisinha e depois não ter coragem de contar para o namorado? Como eu disse, somos seres humanos. Para enfatizar meu argumento, eu te convido a refletir sobre homens que têm filhos fora do casamento e a esposa só descobre anos e anos depois. Imagina o risco?! Portanto, eu digo e repito: vale a pena arriscar? Você pode até perdoar uma traição, mas e uma DST contraída por causa dessa traição? Pense melhor. O amor da sua vida pode ser um cara bacana, mas a sua vida deve ser sua prioridade.

Estamos cercados por micro-organismos ofensivos

Mesmo que vocês estejam em um relacionamento sério e nunca traiam um ao outro, tenham feito todos os exames preventivos para DST's ou tenham transado só um com outro durante toda a vida, ainda há riscos. Você, por exemplo, pode contrair candidíase só por tomar um antibiótico ou certos anticoncepcionais. O fungo Candida Albicans é um micro-organismo que faz parte da nossa flora genital e intestinal. A Candidíase, por sua vez, é uma infecção causada pela proliferação anormal desse fungo, que acontece por diversos fatores externos além do sexo sem camisinha com alguém que esteja manifestando a doença. Supondo que você adquira após se submeter a um tratamento com antibióticos de amplo espectro, ou após passar por alguma enfermidade que comprometeu seu sistema imunológico, ou após usar emprestada a toalha da sua irmã que está com a doença se manifestando. Segundo li em vários sites sobre DST's, ao fazer sexo sem camisinha, seu parceiro pode adquirir o fungo sem manifestar sintomas, você faz o tratamento, transa novamente sem camisinha e acaba ocorrendo a recontaminação. Chato, né? Além da candidíase, várias outras doenças infecto-contagiosas podem ser transmitidas por outras vias que não o ato sexual, como no compartilhamento de objetos pessoais (toalha de banho, prestobarba, alicate de cutícula etc). Já vi relatos de mulheres que pegaram hepatite fazendo as unhas no salão!

→ Minha experiência pessoal:

Eu e o Bernardo usamos camisinha para o sexo "convencional", mas não para sexo oral. Sim, ambos sabemos que este é um comportamento de risco e sim, minha ginecologista sempre me dá um puxão de orelha. Mas para chegar neste ponto tivemos muitas questões esclarecidas. Em primeiro lugar, nunca transamos com outras pessoas desde que o mundo é mundo - ou seja, na nossa primeira vez, eu era virgem, ele também. Em segundo lugar, deixamos bem claro um para o outro que essa possibilidade nunca poderá ser totalmente excluída e que nosso relacionamento é baseado na confiança. Infidelidade é diferente de falta de lealdade. Portanto, temos um combinado: se você um dia cair em tentação e transar com outro(a), use camisinha. Se não usar, tenha a dignidade de não deixar que eu faça sexo oral em você sem camisinha antes que todos os exames tenham sido devidamente realizados. Isso ainda é um comportamento de risco? Sim. Qualquer médico que ler isso aqui vai querer me dar uns tablefes na cara e gritar Acorda feladaputa! Eu sei. Em terceiro lugar, nos proibimos de usar certas coisas emprestadas de outra pessoa, mesmo que essa outra pessoa seja nossa mãe ou irmã(o): Gilette, alicate de cutícula, palito de limpar as unhas, toalha de banho, sungas, biquínis e roupas íntimas em geral. Nada disso pode ser pegado emprestado ou emprestado para alguém. Nunca. Em quarto lugar, vou ao ginecologista pelo menos uma vez ao ano, para fazer exames preventivos. Claro que, ainda assim, sei que somos um grupo de risco e sei que vocês podem pensar "que bobinha, vai acreditar no namorado!", mas essa foi nossa escolha. Cada casal é cada casal.

Acima de tudo, conversar com um ginecologista ainda é a melhor forma de se orientar. Enquanto a consulta não chega, pense direitinho se vale a pena se arriscar. Algumas doenças transmitidas através do sexo têm tratamento e cura. Outras não.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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