.

25 de out. de 2014

Recado Para as Novinhas de 14

Não, isso não é um funk.


Menina, qual sua idade? 12, 14, 15? Este texto aqui, menina, é para você.

Sim, eu sei pelo que você tem passado. Essa tal de adolescência é mesmo uma merda, uma merda muito grande, e eu sei exatamente que às vezes tudo que a gente queria nessa fase era pular logo para a casa dos 20. Ou pelo menos ter nascido linda, loira e proporcional como Camilinha, que tem 15 com corpo de 18 e, ual!, como é linda. Eu sei, eu passei por isso e não, infelizmente, eu não fui nenhuma Camilinha. Pelo contrário, eu fui Bia e uma Bia muito castigada pelos pesos dessa transição entre a infância e a fase adulta. Então, acredite em mim, eu sei do que estou falando.

Menina, em primeiro lugar, eu gostaria de te dizer que, apesar de, muitas vezes, durante a adolescência, sentirmos que somos o patinho feio, a garota que os caras do Terceiro Ano nunca vão querer, a menina que não vai ter par na quadrilha ou companhia para o baile de formatura, é extremamente necessário que você acredite em mim: Você não é a única que se sente assim.

A Publicidade e a sociedade são cruéis com a gente. Por ter nascido mulher, engolimos, desde os intervalos da TV Globinho (que nem existe mais, desculpem-me a desatualização quanto aos fatos televisísticos - se é que essa palavra existe), passando pelas novelas juvenis (Malhação, por exemplo) e pelas revistas femininas (seja ela a Capricho ou a Marie Clair), obrigações, obrigações e mais obrigações. Absorvemos que nosso principal objetivo na vida é a beleza. E absorvemos mesmo! Infelizmente, até que consigamos nos libertar de todos os padrões que nos são impostos desde a infância (sim, desde a infância), enfrentamos muito sofrimento e muitos dilemas na frente do espelho. É duro, eu sei. E é mais duro ainda na adolescência.

Por isso, menina, eu te digo: nessa fase da sua vida, seu corpo está passando por transformações que poderão te dar surpresas maravilhosas. Portanto, respeite seu corpo, trate-o bem e seja, sim, muito grata por ter ou não ter esse ou aquele tamanho de bumbum e finura de cintura. Quando a gente chega nos 20 (claro que estou generalizando, cada mulher tem seu desenvolvimento próprio) e olha para trás, para nosso retrato aos 15, enxergaremos melhoras significativas, sim. Mas, acima disso tudo, é importante que você se olhe agora, aos 15, e perceba o quão linda você é e o quão interessante, bonito e humano é o corpo que você tem.

Eu me lembro bem dos meus 13, 14, 15 anos e foi uma fase difícil de doer. Eu sei como é. Você acorda cedo pra caralho, arruma o cabelo milimetricamente, passa um delineador e um gloss e escolhe minunciosamente qual calça jeans vai acompanhar sua camisa azul-horrível do uniforme escolar. Dois minutos antes de sair de casa se olha no espelho e acredita que fez uma boa escolha, aceitando que não dá para fazer muito milagre com esse uniforme horrível e esses seios maiores que os da média. Você fica um tempão se ajeitando para parecer naturalmente bonita e quando chega no colégio, lá está ela, com aquele moletom cinza largo e amarrotado, o cabelo amassado e despenteado e, mesmo assim, linda de doer. Eu sei como você se sente, passei por isso por 5 anos da minha vida. Às vezes passo por isso até hoje. E eu posso te afirmar que só existe uma coisa que vai te fazer se sentir bem consigo mesma, na adolescência ou na fase adulta: a libertação.

Reflita. Você está em fase de crescimento e é biologicamente comprovado que seu corpo não cresce igualmente em todas as partes. Braços mais compridos, mãos gordas, seios muito grandes ou muito pequenos são parte do seu desenvolvimento. Além disso, a adolescência, para as meninas, carrega muitos tabus. Talvez você tenha descoberto há pouco tempo que gosta de se masturbar e que, veja só!, mulher também gosta de sexo (mesmo que ainda não tenha feito). Com quem conversar a respeito? Eu procuro uma ginecologista para tirar minhas dúvidas ou jogo tudo no Google por que tenho vergonha de pedir que meus pais me acompanhem numa consulta? Eu sei como é isso. Talvez você tenha 12 anos (e, portanto, não deveria estar visitando meu site, mas tudo bem, eu te perdoo) e tenha mais pelos pubianos e debaixo do braço que suas demais amigas. Isso é normal? Como lidar? E a vergonha de pedir à mamãe uma gilette, um creme depilatório, um horário com a depiladora? E a vergonha dos próprios pelos? Afinal de contas, quem foi que inventou que você é obrigada a tirá-los? Talvez você tenha percebido que seus peitos fiquem muito mais valorizados com um sutiã de bojo, mas, pra quem pedir esses sutiãs? Talvez você esteja fazendo sexo, mas, com quem tirar as dúvidas sobre anticoncepcional, camisinha e tudo mais? (Mas na dúvida, não tenha dúvida, use sempre camisinha!). Sim, menina, a adolescência é uma merda, mas é passageira. E será uma passagem bonita e divertida se você conseguir se libertar, pelo menos um pouquinho, dos padrões que estão jogados sobre você.

Camilinha, a loira que, mesmo descabelada no moletom cinza é mais linda que a Tati morena gostosa do Ensino Médio, é linda sim, mas a beleza dela jamais exclui a sua. É sempre libertardor que você pense que Camilinha tem uma beleza padrão. E você, menina, uma beleza fora do padrão - e, cá para nós, ser original é muito, mas muito mais bacana! Pode ser, menina, que chegando aos 20 você se torne uma mulher de seios fartos, cintura fina e quadris largos, ou uma mulher magra, de pernas compridas e rosto forte, ou uma mulher gorda, de seios grandes e cabelos anelados. Você tem muito o que se tornar e seu corpo é um mundo de possibilidades. O importante é saber que todas elas têm seu lado positivo, todas elas são lindas e todas elas encontram seu lugar no amplo espectro da beleza feminina. Como diriam poetas amantes, mulher é bonita só de ser!
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...