.

7 de dez. de 2014

Ágata

Toda mulher tem um encanto. Ágata tem todos eles. Linda, não existem palavras bonitas e ajeitadas o suficiente para descrever o quanto você tem importância na minha vida confusa e corrida. Você representa para mim muito mais que uma mulher cheirosa. Você é o nirvana que a minha alma ainda não alcançou. Ágata, eu quero morar no seu abraço, no seu beijo e, principalmente, no seu cangote.

cute-girls-lesbian-friends

Vinte horas. Estamos eu, Ágata, Luiz, André e Fernanda em um final de festa. Ágata está sofrendo com a quantidade de cerveja e demais bebidas ingeridas na noite e precisa desesperadamente ir ao banheiro (pela nonagésima sétima vez). Aproveito a viagem e a acompanho. Ela faz o que tem que fazer, eu também. Ao sair, seguimos nosso rumo de volta à varanda principal, andando abraçadas. Ela para, os olhos vidrados no pé de algodão à nossa frente, apaixonados por como essa árvore fica linda quando está sob a luz da Lua - assim como ela com seus cabelos compridos. Há dois dias eu havia desabafado para Ágata toda minha história com Ana, tentando não demonstrar fraqueza nem drama, tentando, como sempre, passar a imagem de que não sou dessas que me apega a amores recorrentes da vida. Ela não acreditou, me aconselhou como só ela sabe e me disse estar surpresa por saber que eu me interessava por mulheres. O pé de algodão reluz demais, a Lua por trás dele está enorme. Ágata me olha, sorri e pega minha mão direita com sua mão pequenininha e delicada. Seus olhos grandes como a Lua dessa noite fitam os meus...


Sorrimos.
Ela coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
Meu braço envolve sua cintura.
Sorrimos.
Rimos.
Nos beijamos.
Ágata é uma flor.

Mas, como nada pode ser tão simples na vida de Bianca, eu estava encrencada. Nessa mesma noite, Fernanda já havia me beijado. Uma, duas, três, cinco milhões de vezes. Eu disse que não queria que Ágata nos visse, ela não se preocupou muito em saber o motivo e, então, mantivemos o segredo e nos agarramos de forma aventurosa nas várias vezes em que Ágata se afastou de nós. Para ser sincera, quando saí de casa esse dia, tudo que fiz foi pensando em Ágata. Vesti uma roupa pensando em agradá-la, arrumei os cabelos de forma a agradá-la, passei o perfume que acreditei que fosse de seu gosto. Tudo. Cada detalhe. Entretanto, Fernanda apareceu no meio de muita bebida, ofereceu-me um cigarro e, embora eu me lembre de tudo em flashs, lembro-me de todas as vezes que nos beijamos. Ela era quente como o fogo e, como eu já estava me queimando, afundei de vez. Inconsequente, não quis e nem me esforcei para evitá-la. Ainda hoje não resisto àqueles lábios - mas isso é uma outra história para um outro por-do-sol.

Por estar envolvida com Fernanda, fiquei muito receosa de que ela aparece e visse Ágata comigo, o que me deixou um pouco desconfortável. Não me lembro exatamente de cada detalhe, então acredito veementemente que dei algum sinal de não estar à vontade com Ágata e, então, ela não me procurou mais. Dormi na casa dela, nos deitamos juntas um pouco, ganhei um selinho e nada mais aconteceu. Por quatro meses nada mais aconteceu. Até ontem.

A história é clichê. Estávamos em um bar com alguns amigos da faculdade. Entre eles, Marina, uma das pessoas desse mundo que são apaixonadas ou têm pelo menos um amor remoto por Ágata. Marina e Ágata ficam às vezes, mas acham que ninguém sabe. Depois de muita cerveja e uma dose de whisky paga por um cara que nunca vi na vida, Ágata, como sempre, mostrava-se desesperada para ir ao banheiro. Levantei-me a fim de subir com ela. Marina também. Revirei os olhos mentalmente e subimos. Enquanto eu lavava as mãos, Ágata abraçou minha cintura por trás, sorrindo para mim através do espelho. Trocávamos sorrisos feito duas bobocas (sinceramente) quando Marina saiu de um dos banheiros, riu para nós duas, lavou as mãos, retocou o delineador dos olhos e, enquanto eu prendia meu cabelo, beijou Ágata e se despediu de nós duas. Encostei em uma parede ao lado dos espelhos, paralisada, olhando para Ágata sem conseguir deixar de estampar um sorriso estúpido e nervoso. Ela, um pouco de longe, me olhava e sorria. Se aproximou, com seus olhos que eu, mera mortal, não tenho vocabulário suficiente para descrever. Se aproximou mais, os dedos de minha mão entrelaçavam-se nos seus cabelos e, continuando o que havíamos começado meses atrás, nos beijamos.

Mas dessa vez foi diferente. Estávamos em perfeita sintonia. Seu beijo era tão doce quanto sua essência, quanto o seu ser. Sua pele, Deus!, macia, suave e fria, ao mesmo tempo em que me transmitia tamanho calor. Grudei seu corpo no meu e, enquanto trocávamos carícias, apertos, beijos e sorrisos, eu sentia como se todo o sangue de nossas veias estivesse fluindo junto, no mesmo ritmo, com a mesma suavidade e o mesmo calor. Não queria sair dali nunca mais. Nunca mais.

Mas era um banheiro de boteco então tivemos que cair na real.

Descemos, com a cara mais lavada do mundo, mas não conseguimos disfarçar. Nos olhávamos o tempo todo, meus olhos vidravam em seu rosto, em seu sorriso e tudo, tudo era correspondido. Nos beijamos outra vez, sem esconder mais. E nos beijamos outra e outra e outra... A separação para irmos embora, cada uma para sua casa, foi dolorosa e engraçada e eu, Bia, desci do carro com a certeza de que quero mais, com a certeza de que minha segunda-feira seria mais leve, mas, principalmente, com a certeza de que Ágata é a mulher mais doce, meiga, bonita, suave e calorosa que a natureza colocou na Terra.

Me sinto novamente inspirada a escrever.

Ágata, com ou sem beijo na boca, quero te levar para a vida toda!
E, bom, se você estiver lendo este texto com os olhos certos, sabe bem quem sou eu.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...