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28 de fev. de 2015

Desapega, desapega!

Um conselho para quem foge de alguém legal porque acredita que tudo vai acabar em compromisso sério.


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Se você é desses, o que posso te dizer é: acorda. Nem toda mulher quer casar, nem todo peguete quer namorar, nem toda amiga colorida quer mudar o status de relacionamento do Facebook. O coração dos outros, a mente dos outros, não giram em torno do seu umbigo.

Umbigo número 1: Eduardo

Sexta à noite. Camila e Eduardo se conhecem numa famosa balada de BH. Já com um nível alto de álcool na cabeça, se beijam antes mesmo de trocar nomes e continuam a pegação durante boas horas da noite. Já não suportando mais ficar só nos beijos e mãos-bobas, resolvem abandonar a boate para encontrar um lugar mais sossegado. Já do lado de fora, na dúvida entre ir para o apartamento dele ou para um motel, decidem que a primeira opção é a melhor. Vão. Ele mora sozinho e tem um gato (informação irrelevante). Transam por horas, de todas as maneiras. Orgasmos plurais, suor intenso, gemidos, arranhões e beijos desesperados constituem o saldo da noite para ambos. Depois de esgotados, um cochilo de dez, quinze minutos. Ele se levanta, busca um copo d'água para ela e escora em um travesseiro, na beirada da cama. Ela bebe, agradecida, deita-se novamente e encosta sua cabeça no tronco de Eduardo. Desesperado, incomodado, deslocado, ele se sente na obrigação de fazê-la ir embora. Não é relevante se conseguiu ou não.

Umbigo número 2: Arthur

Arthur e Marquinhos transaram pela primeira vez há um mês. Desde então, se encontraram todas as sextas ou sábados (ou ambos). Na quarta semana, Arthur dispensou Marquinhos, afirmando que tudo estava acontecendo rápido demais e ficando sério demais.

Umbigo número 3: Alice

Alice e Mônica ficam há um ano. Nos períodos de férias da faculdade, costumam se ver com uma frequência maior, praticamente todos os fins de semana, pelo menos na sexta (quando o namorado de Mônica vai para o futebol). Ambas saem com outras mulheres, ambas sabem que trata-se de um relacionamento aberto e ambas são amigas acima de tudo. Mônica tem uma agenda muito cheia e, sempre que consegue uma folga (ou do namorado, ou da faculdade, ou das outras mulheres com quem está envolvida) procura uma forma de encontrar Alice. Alice muitas vezes interpreta isso de forma exagerada e, mesmo tendo agenda livre para encontrar-se com Mônica, inventa alguma desculpa esfarrapada, pois não gosta de sentir que a frequência com que se encontram aumentou demais.

Vocês podem me perguntar: "Onde é que a Bia está querendo chegar com essas histórias?" Ou, melhor dizendo, "Que porra de textão é esse?". Explicarei.

A semelhança entre os três umbigos aqui citadas está no sufoco, um sufoco que muitas pessoas sentem mas que, por incrível que pareça, muitas vezes é completamente desnecessário.

Barbie-e-ken-morando-juntosEduardo tem pavor de mulheres que ficam. Já assistiram "Como perder um homem em dez dias"? Ele é o cara que tem a constante sensação de que, se uma mulher preferir dormir na casa dele para ir embora na manhã seguinte (por motivos simples como: ela está bêbada, mora longe ou está chovendo pra caralho lá fora), automaticamente a casa dele amanhecerá com cheiro de café e biscoitos, a pia do banheiro cheia de hidratantes e com calcinhas penduradas no box do chuveiro. Este é um pensamento tão errado, mas tão errado e, acima de tudo, um pensamento egocêntrico demais, que eu não consigo nem entender muito bem. Cara, vai por mim! O fato de uma mulher querer ficar até o sol nascer não significa que ela quer morar com você. Sério, para de se achar o rei da cocada branca! O mundo está cheio de mulheres que só querem uma noite de sexo e já passou da hora de vocês desconstruírem esta imagem de que mulher só "usa" o sexo para te conquistar para, em seguida, casar e ter filhos. A não ser que você seja George Clooney, você não é essa Coca-cola toda.

Arthur e Alice se encaixam em outro grupo, o grupo do "Compromisso Nunca Mais". Talvez por terem passado por alguma situação traumatizante (embora eu acredite que não), algumas pessoas simplesmente não conseguem acreditar que alguém possa ser bom, gentil, gostoso e gente fina ao mesmo tempo, sem que esta pessoa esteja querendo juntar as escovas de dentes, apresentá-los aos pais e cozinhar panquecas juntos no domingo de manhã. Eu vejo, todos os dias, o tempo todo, relacionamentos que poderiam ser leves e simples, sendo desfeitos por gente que carrega esse medo. Arthur e Marquinhos tinham uma química tão incrível, tão sensacional, e isso não significa automaticamente amor, de forma alguma. Embora no amor exista isso tudo, alguém pode gostar muito de estar com você e, mesmo assim, não te amar, não estar apaixonado, não ficar escrevendo seu nome nas últimas folhas de caderno. Cada vez que vejo Alice dispensando Mônica porque tem medo de que as coisas fiquem "sérias demais", tudo que consigo sentir é uma espécie de luto, por todas as conversas, transas e beijos incríveis que poderiam ter acontecido se a gente não se apegasse tanto ao medo de que pessoas que, pelo contrário, não estão nenhum pouco apegadas a nós, decidam ficar um pouco mais.

Portanto, larguem de mão dessa bobagem. Vivam seus relacionamentos abertos, suas ficadas, suas amizades coloridas, sem ficar com os dois pés atrás com medo do outro se apaixonar. Se a garota da balada quiser ir embora apenas quando o ônibus voltar a circular normalmente, se a amiga com quem você fica às vezes quer passar um fim de semana fazendo programa de gordinha, comendo brigadeiro e vendo filmes que venceram o Oscar, se seu ficante do carnaval quer te encontrar de novo, não corra imediatamente achando que é amor. Muitas vezes todo mundo só está querendo uma boa conversa, um sexo incrível e uma companhia agradável. E, acredite, se alguém for se apaixonar por você, não há nada que você faça que possa impedí-lo. Nem mesmo se distanciar.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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