Jogo Rápido

Alguns meses atrás um anjo do céu passou por mim. Olhou-me, voltou, parou, pediu-me um cigarro. Morena clara, cabelos lisos acompanhados da franja castanho-claro, olhos verdes vermelhos. Perguntou-me meia dúzia de coisas sem sentido e disse que, apesar de gostar mais de HOMEM, sentia-se deveras atraída pelo corpo da mulher.

Tragou duas ou três, fez que iria devolver o cigarro, que dei para ela de bom grado, e foi se sentar com alguns amigos, a poucos metros da minha mesa. Trocamos olhares algumas vezes. Nunca mais a vi. Até ontem. Júlia, seu nome. Passou por mim com um chapéu cheio de notas e moedas, pedindo colaborações para um projeto de ajuda a uma ocupação urbana. Eu disse que me lembrava dela, com um sorriso enorme. Ela, estupefata, olhava-me como se eu fosse um ET. Dei R$5,00 e ela sorriu. Foi embora sem nem saber meu nome. Qualquer dia a gente se esbarra de novo. Quem sabe no próximo chá ela tenha uma viagem dejavu e se lembre de mim.

Tanto faz.