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18 de jun. de 2015

Fernanda

girls-love-gif-bianuaecrua.blogspot.com

Eu ainda não contei para vocês sobre Fernanda. Já soltei o nome dela em alguns posts aleatórios sobre outras mulheres, acredito, mas ainda não especificamente sobre ela. Então, hoje, gostaria de compartilhar com vocês um pouco sobre a mulher que, mais cedo ou mais tarde, terá o coração partido... por mim.


Faz um ano. Estávamos bêbadas e eu estava perdidamente apaixonada por Ana (assim, no ápice do meu amor platônico-quase-concreto). Fernanda era amiga de um primo de uma amiga, tínhamos nos conhecido em um aniversário de alguém, ela estava com sua namorada, eu com o meu. Então, cerca de três meses depois, tive um sonho maluco. Não me lembro muito bem, mas, pelos flashs que ainda me restam, sei que eu era competidora de natação (puta merda, eu nem sei nadar) e, depois de encerrar um treino, saí da piscina e dei um beijo em Fernanda, que, sem pensar duas vezes, transou comigo ali mesmo. Acordei meio assustada e, o orgasmo que tive no sonho se transferiu para a vida real (eu acordei tendo um orgasmo! Hihihihihi). Fiquei chocada com o sonho, da mesma forma que você acorda quando sonha que transou com seu melhor amigo feio e broxante, sabe? Ela não era o tipo de mulher que me interessava. Acreditem se quiserem, mas o que vou contar a seguir é uma perturbação subconsciente que me acomete até hoje, várias vezes.

Como eu disse, faz um ano. Eu estava com alguns amigos em uma festa estranha com gente esquisita. Estávamos bebendo um pouco e, então, Ágata e Fernanda se viram, deram um comprido abraço, trocaram as novidades desde a última vez em que se encontraram e, por fim, juntamos os dois grupos de amigos. Assim que vi Fernanda, todos os flashs do meu sonho maluco choveram como uma pancada na minha mente. Eu olhava para seus cabelos loiros, sua tatuagem no ombro e via seus movimentos em câmera lenta, talvez por estar muito bêbada. Estava perplexa! Aquele sonho ia e voltava da minha cabeça. Por que é que eu sonhei com Fernanda se já tinha encontrado com ela uma única vez na vida? E, pior, que porra de coincidência é essa dela aparecer no mesmo lugar que eu, no mesmo horário, justamente no dia em que sonhei com ela? Que merda! Resolvi parar de queimar neurônios com aquilo. Na roda de amigos e pessoas que nem conheço, bebemos muito, fumamos muito, falamos muita merda. Já era madrugada, fim de festa, quando, não me lembro muito bem como, Fernanda e eu nos beijamos. Uma, duas, três, quinhentos e setenta e oito vezes. Sua boca tinha um ímã, suas mãos eram pesadas e apertavam meu corpo de um jeito que me faziam querer tirar a roupa ali mesmo.

Desde então, Fernanda e eu nos encontramos às vezes. A primeira vez que fiz uma mulher ter um orgasmo foi com ela, há quase um ano. Fernanda é quase dez anos mais velha que eu, administra juntamente com sua irmã uma grande floricultura, tem os cabelos loiros curtos, um sorriso maravilhoso e quadris largos. O mais impressionante de quando transamos é estar com alguém que me faz sentir dona do mundo! Transamos e, cada vez que ela tem um orgasmo, cada vez que descobrimos algo novo juntas, seus olhos pequenos e castanhos fitam os meus como se eu fosse uma alucinação, como se ela não acreditasse que eu estivesse ali, naquele momento, com ela, em carne e osso. Podemos tudo, somos tudo que quisermos. Mas, com Fernanda, caí numa história que sempre me assusta um pouco: a gente tem tudo para dar certo, desde que você não se apaixone por mim. Tudo estava leve até sexta-feira passada, 12 de junho, dia da Bianca se foder.

Era por volta de 10 da manhã quando escuto assovios e sorrisos no escritório. Ao me levantar, vejo que Fernanda está na porta, com o colete "Bella Flor", nome de sua floricultura, e um buquê super colorido na mão. Me viu, deu um sorriso natural e disse "Bianca? Encomenda para você.". Olhei para as flores, segurei-as e, enquanto ela me passava o pesado presente, disse "Seu namorado é um cara de sorte." Seu namorado é um cara de sorte. Senti duas toneladas caindo sobre minhas costas, olhei-a nos olhos, ela desviou. Fazia dois meses que não nos víamos, por pura falta de tempo de ambas as partes (mais minha, confesso). Acho que se passaram três horas sem que eu conseguisse reagir. Fernanda olhou-me nos olhos, pediu-me que assinasse um recibo e avisou-me sobre o cartão no meio das flores. Assinei, continuei sem reação, sem dizer uma palavra. Ela agradeceu, simpática e com seu lindo ultra mega branco e exuberante sorriso, deu bom dia e saiu. "Fernanda!", chamei, tentando não gritar. Ela se virou, mostrou-me o banco do carro cheio de flores, indicando que tinha muitas entregas a realizar, deu um sorriso amarelo, entrou no carro e foi embora.

Fiquei estagnada, os pés presos no chão, aquele buquê que homem nenhum no mundo seria capaz de me dar pesando meus braços - logo eu, que odeio buquês. Levei-os até minha mesa, coloquei na divisória superior, peguei o cartão.

Não se esqueça de quem não se esquece de você. Vem ser leve comigo!

Tentei apagar toda aquela cena da minha memória. 12 de junho era o dia do Bernardo, eu que segurasse minha periquita.  Deixei as flores na cozinha da empresa, o cartão na gaveta da escrivaninha e fui para casa curtir um jantar romântico com Bernardo. Por algumas horas não pensei mais em Fernanda. Até a manhã seguinte. Minha cabeça começou a fritar, mas tive de esperar até domingo. Por volta das 10 da noite, Bernado foi embora. Cinco minutos depois de sua moto virar a esquina, liguei para Fernanda. "Podemos nos ver? Agora?" Com ela era sempre sim.

Fui até seu apartamento sem tentar calcular o que ia dizer.
- Achei as flores meio... pesadas...
- Era um buquê bem grande mesmo! Desculpe-me o exagero - ela riu, sem graça.
- Não é isso... Você entendeu... No dia dos namorados... Sei lá, Fê, fiquei confusa. Assim, de supetão?
Ela segurou minhas mãos, nos sentamos no sofá de sua sala, vermelho como o meu (sapatão gosta de sofá vermelho, é isso?), respirou fundo e beijou minha testa.
- Fê...
- Bia, faz tempo que alguém não me faz sentir tão viva como você. Seu sorriso é leve, seu cabelo é leve, seu corpo é leve, sua alma é leve, sua presença é leve! É tanta alegria... Eu... Só queria demonstrar isso com algumas flores que me transmitem a mesma leveza, beleza e alegria que você!
- Entendo... Mas... não poderia ter sido outro dia?
- É... Talvez eu tenha exagerado... Mas, é que gosto tanto de você!
- Também gosto muito de você, linda!
- ENTÃO ME DIZ O QUE É QUE VOCÊ QUER DE MIM?! - ela gritava. Arregalei os olhos. Fernanda colocou meu cabelo atrás da orelha, com as mãos pesadas, a respiração pesada, o olhar pesado. Me olhou fundo nos olhos - Bia, o que é. Que você. Quer. De mim? Eu não consigo fingir as coisas que eu sinto! Eu quero você aqui, todo dia, toda hora, o tempo todo! Não quero mendigar sua presença, seus beijos, seu corpo!
- Fê...
- Me beija. - grudou seu rosto no meu.
- Fê... Não posso.
- Me beija, Bianca, que merda! - E me deu um beijo desesperado. Era como se eu fosse um soldado que ficara dois anos no Iraque e estava agora sendo recebido em casa por minha esposa apaixonada.

Éramos como gasolina e fogo e, por fim, explodimos. Ela estava desesperada, suas mãos não me soltavam, seus lábios não me deixavam respirar, minha cabeça doía com a força com a qual ela puxava meu cabelo, até que, com alguns beijos no pescoço que terminaram nos meus seios, eu não pensava em mais nada. Fernanda, entre todos os dons que tem, é uma mulher de muitas mãos. Eu ainda não sei explicar como, mas é impressionante como ela consegue tocar todas as partes do meu corpo ao mesmo tempo em que me beija, me chupa, me come, me bebe. Em poucos minutos estávamos sobre o carpete e, entrelaçando nossas pernas, usando nossos dedos, línguas e tudo mais que a natureza nos deu, passamos horas entre um orgasmo e outro. Foi uma das melhores transas da minha vida. Por fim, enquanto eu estava sentada sobre uma de suas grossas pernas, penetrei-a com alguns dedos. Nos beijamos no mesmo ritmo em que movíamos os quadris. Seu orgasmo veio lentamente, durou muito tempo e acabou lentamente. Fernanda inclinou as costas para trás, esgotada, procurando ar. Eu beijava seus seios e nos deitamos ali mesmo, eu de bruços, o tronco apoiado sobre seu peito. Alguns minutos depois, levantei um pouco a coluna e olhei seu rosto. Uma lágrima enorme, grossa e contínua corria de um de seus olhos. Limpei-a, pensei em falar alguma coisa e fui interrompida: "Shhh" - disse ela, colocando o indicador sobre minha boca - "não preocupa comigo não. Fica aqui só hoje. Só hoje e eu fico bem". Encarei-a com minha melhor expressão de dúvida, ela me olhou de volta com um sorriso que tentava ser confortante: "É sério. Eu juro. Vem cá" - sussurrou, puxando-me para deitar meu rosto junto ao seu ombro. Dormimos ali até que James, seu gato enorme, gordo e peludo, começasse a se enroscar nos nossos pés. Já era de manhã e minha patroa estava me ligando. Saí dali correndo como se corre de uma cena de crime. Não nos falamos desde então.
Para fins de direitos de imagem, a foto utilizada neste post não é de minha autoria.

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